Mulheres especialistas em Cibersegurança discutem o valor das perspectivas femininas no segmento

A unidade da Thomson Reuters no Brasil publicou recentemente um livro intitulado Direito Exponencial: O papel das novas tecnologias no jurídico do futuro, escrito exclusivamente por mulheres, cujo um dos temas fala sobre o setor de cibersegurança.  Com conhecimento especializado, as autoras trazem suas expertises e experiências únicas para o livro. Algumas são especialistas autodidatas em cibersegurança e outras adquiriram seus conhecimentos através da educação formal.  Reunimo-nos com três das autoras para conversar com elas sobre suas o livro.

Dulce Artese, que escreveu o capítulo sobre LGPD no contexto das fintechs e que passou mais de 15 anos no departamento jurídico de empresas de tecnologia para mitigar riscos na criação de novos produtos e serviços. Ela adquiriu sua experiência em cibersegurança de acordo com suas necessidades e acumulou seus conhecimentos por iniciativa própria.

Thaís Magrini Schiavon, responsável pelo capítulo intitulado O blockchain no âmbito internacional: de “vilão” a mocinho e os desafios restantes e que começou a acumular sua experiência em cibersegurança em 2017, quando foi convidada por seu escritório de advocacia para estudar criptomoedas com foco em questões tributárias internacionais.  Desde então, ela presta consultoria para startups de tecnologia sobre o assunto.

Tatiana Revoredo, que escreveu o capítulo de Blockchain sob a ótica jurídica e é cofundadora da The Global Strategy, uma empresa de consultoria que permite aos clientes criar, implantar e melhorar modelos de negócios, serviços e produtos através de novas tecnologias. Ela escreveu livros sobre criptoativos e blockchain e se especializou em Cibersegurança e Mitigação de Riscos Cibernéticos na Universidade de Harvard.

As três profissionais concordaram entusiasticamente em participar da autoria do livro, em parte devido a desigualdade que impacta as vozes das mulheres no setor, além da oportunidade única de ampliar coletivamente seus conhecimentos especializados como uma comunidade em um segmento dominado por homens.  Artese, que é fascinada pelas considerações legais emergentes nas adaptações em andamento relacionadas as novas tecnologias, disse que foi uma honra compartilhar sua experiência junto com outras mulheres inovadoras como coautoras.

Thaís Magrini Schiavon, especificamente, como Secretária Geral da Comissão da Mulher Advogada na Ordem dos Advogados do Paraná, foi motivada pelo princípio de que uma maior diversidade no discurso da sociedade contribui para uma sociedade mais justa e pelo fato de que muitas mulheres qualificadas na força de trabalho no Brasil geralmente estão à sombra dos homens.

Da mesma forma, o motivo de Revorado em participar do livro foi sua observação de que “as novas tecnologias têm impactos sociais, legais e culturais que exigem reflexão e respostas a questões complexas e globais". Além disso, ela ressalta a necessidade de um “amplo debate, cobrindo todos os ângulos possíveis, relacionados aos princípios e valores compartilhados por toda a sociedade” e parte disso inclui o aumento das perspectivas de contribuição das mulheres na expansão da discussão.

As três perceberam que suas perspectivas são valiosas por causa da perspectiva holística que elas trazem. Para enfatizar esse ponto, Artese observou as diferenças históricas entre as perspectivas masculina e feminina e como ela usa suas qualidades femininas para explorar soluções.  “Características como individualismo, força, lógica e racionalidade têm sido historicamente atribuídas aos homens. Intuição, vulnerabilidade, aceitação e empatia são frequentemente usadas para definir as mulheres. Normalmente presto muita atenção às vulnerabilidades humanas e tecnológicas e uso minha intuição e empatia na busca de soluções.”

Thaís Magrini Schiavon observa os benefícios de ter perspectivas masculinas e femininas e que ter mais mulheres envolvidas no setor proporciona soluções mais eficazes para os desafios, caracterizando o efeito como um dualismo yin e yang. “As mulheres, em geral, prestam mais atenção que homens, o que pode ser melhor para o cliente em questões de cibersegurança.”

Revorado vê como “essencial ter diversidade de perspectivas de liderança e experiência, pois os indivíduos que defendem redes e protegem ativos corporativos e pessoais contra agentes de ameaças, hackers etc., também vêm de uma ampla variedade de históricos e experiências", e ela destacou que enfrenta "os desafios e as soluções de uma maneira mais holística do que meus colegas homens".

Para essas mulheres, elas enxergam suas perspectivas no campo da cibersegurança como um componente essencial para encontrar soluções eficazes para o cenário em constante evolução de ações ilegais criativas lideradas por criminosos no espaço cibernético. Fica claro que este livro é o primeiro do gênero, totalmente escrito por mulheres, e um passo essencial para expandir a inclusão e reconhecimento de mulheres especialistas em cibersegurança no Brasil e na América Latina.

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