A alta concorrência no mercado jurídico é tema recorrente em nossos conteúdos. Não é à toa, já que o Brasil é o país com o maior número de advogados por habitante no mundo. Trata-se de um contingente enorme e muitos também disputam mercado no universo corporativo.
Para auxiliar bancas e profissionais que desejam se destacar, trouxemos neste artigo algumas tendências que devem marcar o setor jurídico no ano de 2024.
1. Transformação digital
A transformação digital de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos se intensificou nos últimos anos. E é algo que tende a aumentar.
A automação é uma das principais maneiras pelas quais os profissionais jurídicos usam a tecnologia para se tornarem mais eficientes. Espera-se que documentos, pesquisas, análises, transcrições e faturamento se tornem processos automatizados em um futuro próximo, mas ainda há muitas outras aplicabilidades a se considerar.
A inteligência artificial também deve marcar presença no universo jurídico, com uma forte aplicação no auxílio eventual com fundamentação jurídica e citações doutrinárias, por exemplo.
2. Inteligência Artificial jurídica
É válido dizer que inteligência artificial, ou IA, não consiste em uma única ferramenta. Pode contemplar o processamento de voz, aprendizado de máquina e muito mais. Ou seja, é um conjunto de tecnologia trabalhando com diferentes arranjos de dados. E isso muitas vezes ocorre a fim de conquistar objetivos diversos.
Por isso, uma vez que o escritório de advocacia ou departamento jurídico determina qual questão precisa solucionar em seu ambiente, as chances de contar com IA para resolver o problema são grandes.
Muitas das atividades baseadas em dados que os profissionais executam na atualidade, como pesquisa e precificação, já podem ser simplificadas com esse recurso. Ainda assim, é essencial destacar que a IA não tem como ideal a substituição dos trabalhos humanos, mas sim a otimização deles.
3. Parte expressiva das equipes jurídicas não será formada por advogados
A padronização de procedimentos que surgirão no futuro e novas estratégias possíveis com o uso de ferramentas modernas devem levar a uma realidade em que metade das equipes jurídicas não será formada por advogados. É o que diz a KPMG, consultoria global de negócios.
Ainda de acordo com essa organização, a utilização de soluções automatizadas e chatbots aumentará. E estes necessitarão do apoio de advogados, bem como de uma força de trabalho mais multidisciplinar com diferentes conjuntos de competências.
Na visão da empresa, a proporção de trabalho jurídico realizado por paralegais, analistas de dados, peritos operacionais e outros especialistas na função jurídica pode aumentar ao ponto de os profissionais jurídicos se tornarem quase uma minoria.
4. Experiência do cliente no centro
O contato próximo com o cliente não chega a ser uma novidade no mundo da advocacia. Ao contrário, a relação entre advogados e clientes já tendia a ser próxima e até mesmo pessoal tempos atrás. No entanto, nos últimos anos, essa realidade passou por uma transformação.
Diversos fatores recentes têm levado a essa mudança e, para o próximo ano, a importância do contato com o cliente não só deve prosseguir, como também crescer.
A tecnologia, os times multidisciplinares e o exemplo de outros setores da economia estão inspirando o mundo jurídico nesse processo de lidar com novas tendências.
5. Não haverá fronteiras entre Legal Tech e Tech
Por fim, para o ano de 2024, é possível crer que as fronteiras entre Legal Tech e Tech ficarão ainda menores ou até mesmo deixarão de existir. A evolução tecnológica e a capacidade das plataformas em se adaptarem às necessidades dos clientes tendem a isso.
Citando novamente estudo da KPMG, a negociação de contratos deverá migrar para plataformas tecnológicas que possibilitem comunicação mais rápida, melhor colaboração e acesso a dados de mercado em tempo real.
O interessante é que plataformas online permitem que as equipes jurídicas padronizem o processo em toda a organização, com práticas uniformes para elaboração de contratos, aprovações internas e assinatura e arquivamento de acordos.
Com tantas mudanças previstas para seguirem no ano de 2024 e outros a seguir, é fundamental gerenciar a cultura da empresa e incentivar uma mudança de mentalidade dos colaboradores.
Ao adotar tecnologias ou processos com os quais os profissionais ainda não são bem familiarizados, é necessário dedicar tempo, esforço e recursos para que as implementações aconteçam do modo esperado.
Entenda mais sobre como o presente e o futuro da advocacia em nosso conteúdo “Advocacia do presente e do futuro: habilidades e perspectivas em destaque”, inspirado no relatório realizado pela Fundação Getúlio Vargas e patrocinado pela Thomson Reuters "Formando a advocacia do presente e do futuro: habilidades e perspectivas de atuação".
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