Breve histórico
Desde tempos remotos, o comércio internacional tem sua importância na economia, onde a troca de mercadorias acontecia regionalmente e com o passar do tempo foi expandida para vários lugares do mundo, por exemplo, as grandes navegações e redução das rotas que conectavam as regiões Ocidental e Oriental, também aumentaram o leque de mercadorias. Vimos essa expansão a partir da evolução histórica, com impactos do mercantilismo, revolução industrial e principalmente após 2ª guerra mundial.
Porém, tudo ainda acontecia de um jeito bem precário, e naturalmente foram ocorrendo avanços, mas ainda de forma lenta e por muito tempo as operações de importação e exportação eram totalmente pautadas em papéis. Para se ter uma ideia, só a guia de importação tinha em média 7 vias, uma de cada cor e cada uma com uma função específica, somando-se ainda os sistemas de computador obsoletos e lentos, havia muita burocracia para obtenção de declarações e licenças, onde muitas vezes era preciso resolvê-la presencialmente e com agendamento prévio. Outro problema eram as questões culturais e de idioma, que dificultavam o avanço nas negociações.
A evolução nos processos foi e é necessária, porém não acontecia de modo equilibrado, então vimos países menos desenvolvidos em desvantagem em relação aos países mais desenvolvidos. Por isso, a constituição de órgãos reguladores contribuiu e contrinui para a organização e criação de regras para a excelência no funcionamento das operações de comércio exterior, por exemplo, a OMC (Organização Mundial do Comércio). Também é preciso acompanhar as mudanças políticas, comportamentais (consumidores), bem como os avanços tecnológicos que vem acontecendo de maneira acelerada, sendo de extrema importância para economia global.
Qual o impacto da Inteligência Artificial no comércio exterior?
Atualmente o que mais ouvimos falar é sobre IA (Inteligência Artificial) e seus impactos em diversas áreas, não sendo diferente para área de comércio exterior.
Entre os objetivos da IA, está a eliminação das atividades repetitivas e manuais na rotina das empresas, bem como das pessoas em geral, e assim alavancar a produtividade, e melhorar a precisão dos resultados, reduzindo custos e riscos.
Hoje, cerca de 82%dos profissionais da área de tecnologia e empresas líderes de negócio enxergam o ambiente de trabalho sendo impactado positivamente pela IA, e acreditam em ganhos de eficiência, redução de custos e de erros manuais.
Ainda, de acordo com um levantamento da Thomson Reuters e Live University, “77% dos profissionais de Comex acreditam que a Inteligência Artificial e o Machine Learning são as inovações com maior capacidade de trazer benefícios para o negócio”.
Neste artigo vamos discorrer sobre os principais pontos da IA para os atuantes da área de comércio exterior e destacar a importância de as empresas estarem atentas e já se movimentando para utilizar todos os seus benefícios, para assim poder competir com grandes players internos e globais.
As mudanças que vem acontecendo no comércio exterior com a utilização de novas tecnologias e da IA são notáveis, como exemplo podemos citar alguns sistemas do governo:
- Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior) - onde são registradas todas as operações de importação e exportação;
- DU-E (Declaração Única de Exportação) - documento eletrônico que contém as informações de natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira, fiscal e logística, que caracterizam a operação de exportação dos bens;
- Sisam (Sistema de Seleção Aduaneira por Aprendizado de Máquina) - por meio de seleção das declarações de importações e a partir do seu histórico, realiza análise das novas DI´s através de um padrão aprendido;
- Portal Único - tem como objetivo desburocratizar o comércio exterior, a partir do conceito de janela única do comércio exterior (single window), ou seja, uma interface única entre governo e operadores de comércio;
- DUIMP (Declaração Única de Importação) - documento eletrônico que contém as informações de natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira, fiscal e logística, que caracterizam a operação de importação;
- ANIITA (Analisador Inteligente e Integrado de Transações Aduaneiras) - extrai e analisa dados de diversos sistemas nacionais para levar informações relevantes e organizadas à liberação alfandegária e avaliação de riscos de operações de exportação em uma única tela.
A maioria desses sistemas precisam estar integrados às empresas, por isso é essencial que elas se adaptem aos avanços, possuam ferramentas inteligentes de organização de dados e capacitem seus colaboradores, para assim efetuar transmissões, conferências de dados, gestão das mercadorias até o momento do despacho aduaneiro, com excelência.
Pontos positivos da Inteligência Artificial e da tecnologia que afetam o comércio exterior
- Automação de processos - sistemas do governo interligados com as empresas e órgãos intervenientes, automatizando processos com documentação e monitoramento de remessas, com isso mitigando erros, reduzindo tempo e custos;
- Atividades sem interrupção - empresas munidas de equipamentos e softwares apropriados para desempenhar atividades repetitivas;
- Segurança - análise, monitoramento e segurança dos dados;
- Previsibilidade - antecipar-se as ocorrências, previsão de demanda de produtos, oportunidades/tendências de mercado, necessidade dos consumidores, ganho de escala e crescimento para a empresa;
- Negociações comerciais - utilização de plataformas de negociações eletrônicas, ajudando melhorar a eficiência, segurança e aumentar a competitividade das empresas;
- Fornecedores - por meio de mapeamento dos mercados, fazendo interligação com os melhores fornecedores e assim conseguir contratos mais interessantes;
- Pagamento internacional - aqui a IA é útil para acelerar as transações, com a automatização, leituras de cenário e antecipação das taxas de câmbio, melhorando a qualidade e mantendo a segurança nos processos. Também é possível, por meio da IA identificar padrões suspeitos, manter as contas e dados dos clientes em segurança, identificação de fraudes nas transações (gestão de riscos); etc.
Vamos conhecer algumas das principais tecnologias/IA empregadas no comércio exterior
- Machine learning - essa IA tem a capacidade de aprender com os dados, reconhecer padrões e tomar decisões com o mínimo de programação. Um exemplo onde pode ser utilizada é na analize da cadeia de suprimentos, fazendo ajustes para mudar rota ou equipamentos utilizados;
- Deep learning - uma extensão do machine learning que segrega os dados recebidos e evolui a partir das informações fornecidas, utiliza-se de redes neurais para melhorar processos e ferramentas;
- EDI - Electronic Data Interchange - também utilizado para reduzir o uso do papel nas transações comerciais, podendo enviar documentos, ordens de compra e faturas comerciais de forma eletrônica e padronizada;
- Internet of Things, IoT- consegue coletar e transferir dados sem interferência humana. Pode, em caso de cargas, fazer interligação de contêiners/veículos/mercadorias, por meio de conectividade em rede;
- Blockchain - no comércio exterior muito utilizado por sua confiabilidade, desburocratizador, trazendo automação com a eliminação do uso de papéis nas transações. Também útil no rastreamento da movimentação das mercadorias, checagem da veracidade dos documentos com intuito de reduzir fraudes e erros. Já é uma ferramenta regulamentada pela Receita Federal do Brasil para uso no comércio exterior.
- ERP - Enterprise Resource Planning - o uso dos sistemas ERP são amplos e indispensáveis para o bom funcionamento das operações das empresas, seja na área de finanças, contábil, estoque, ou na área operacional das importações, podendo gerenciar a logística, documentos alfandegários, rastreamento etc.
Existem obstáculos para uso da IA no comércio exterior brasileiro?
Até aqui vimos o quanto os avanços tecnológicos e aplicação da IA vem contribuindo para evolução do comércio exterior brasileiro. No entanto, não podemos deixar de pontuar alguns dos desafios que são enfrentados para plena utilização desses recursos.
É fato que a IA não veio para substituir a expertise do ser humano, como dito, seu objetivo é reduzir tarefas repetitivas e trazer mais agilidade nos processos. A capacitação profissional é um ponto desafiador, para a implementação da IA bem como de outras tecnológicas avançadas que exigem conhecimento, o que demanda investimento em treinamento e pessoal qualificado, bem como a demanda por hardwares mais potentes, infraestruturas mais complexas, criando um maior custo momentâneo para as empresas, o que pode ser um empecilho ou fazer com que elas acabem postergando suas implementações.
Temos ainda o ambiente comercial de serviços brasileiro, que não tem tanta facilidade de acesso ao mercado e investimentos estrangeiros, bem como questões com tratamento de dados, por conta de pontos como privacidade, regulamentação, segurança cibernética e segurança nacional, fazendo com que sua adoção da IA se torne mais complexa.
Conclusão
Pode-se arriscar três palavras para resumir a importância da Inteligência Artificial no comércio exterior: “Transparência”, “Segurança” e “Previsibilidade”, e com isso a possiblidade de alavancar o poder de atuação das empresas frente à mercados tão competitivos e agressivos.
Por fim, mas não menos importante, é ressaltar que mesmo com a expectativa do avanço da IA e de outras tecnologias, o trabalho humano é de suma importância, uma vez que esses avanços x trabalho humano se complementam. Por isso é primordial que os profissionais se qualifiquem constantemente, para acompanhar as mudanças que acontecem de forma tão veloz e assim conseguir atuar com essas tecnologias e ajudar estrategicamente os negócios e crescimento das empresas.
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Com a precisão, conformidade e eficiência oferecidas pela Thomson Reuters, sua empresa estará preparada para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado global, enquanto reduz tempo e custos nos processos de importação e exportação.
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