Instituto Thomson Reuters
Relatório de Pesquisa de Corporate Global Trade do Thomson Reuters Institute de 2023
O segundo ano do Relatório de Pesquisa de Corporate Global Trade do Thomson Reuters Institute encontra profissionais de comércio exterior em circunstâncias semelhantes ao ano passado, mas com algumas diferenças significativas. Um ambiente de disrupções quase constantes continua a dificultar os esforços do comércio exterior, e essas interrupções vêm de fontes familiares – inflação, custos crescentes, escassez na cadeia de suprimentos, conflitos internacionais, mudanças regulatórias, problemas de transporte e desafios de conformidade.
Não surpreendentemente, essas fontes de disrupção e incerteza também compõem as principais prioridades estratégicas da profissão de comércio exterior nos próximos 12 meses.
Um ambiente de interrupções quase constantes continua a dificultar os esforços do comércio exterior.
Uma diferença importante entre este ano e o ano passado é que mais empresas estão adotando e investindo em tecnologias de comércio exterior que podem ajudá-las a navegar nesses tempos turbulentos. De fato, um número significativo de empresas subiu na curva de adoção de tecnologia a ponto de agora poder aproveitar os sistemas e softwares baseados em nuvem e em rede para obter mais visibilidade e controle sobre todos os aspectos de sua cadeia de suprimentos. As empresas que investiram nesses sistemas estão mais bem preparadas para as demandas intensivas de dados do ambiente atual de importação/exportação e têm uma vantagem competitiva distinta sobre as empresas que estão atrás deles na curva de adoção de tecnologia.
Ainda assim, a profissão de comércio exterior continua a lutar com uma lacuna persistente de talentos e habilidades, principalmente nas áreas de experiência comercial, conhecimento técnico e análise de dados. As empresas ainda estão recrutando e treinando para novas funções na profissão, com certeza, mas a falta de profissionais experientes com o tipo certo de conhecimento técnico significa que as empresas estão se apoiando mais na automação e na terceirização para preencher essas lacunas de habilidades.
A novidade da pesquisa deste ano é uma análise de como os profissionais de comércio exterior estão lidando com o aumento das responsabilidades na área de relatórios ambientais, sociais e de governança (ESG, do inglês Environmental, Social and Governance). Como muitos critérios ESG estão conectados às cadeias de suprimentos – como emissões de carbono, direitos trabalhistas, anticorrupção, fornecimento sustentável e muito mais – os profissionais do setor estão profundamente envolvidos em iniciativas corporativas de ESG. Coletar dados sobre fornecedores não é a principal responsabilidade dos departamentos de comércio exterior, mas é importante. À medida que as iniciativas ESG se espalham, especialmente em empresas maiores, e a lista de pontos de dados solicitados continua a crescer, os profissionais do comércio exterior podem se encontrar muito mais perto do epicentro da liderança corporativa do que poderiam imaginar até alguns anos atrás.
Principais Descobertas
À medida que continuamos acompanhando esses e outros desenvolvimentos na profissão de comércio exterior, a seguir estão algumas das principais descobertas do relatório deste ano:
- 46% das empresas dizem que são impactadas por tarifas retaliatórias entre Estados Unidos e China;
- 28% das empresas dizem que são afetadas pelas sanções russas – ante 39% em 2022;
- 88% das empresas coletam informações para fins ESG de seus fornecedores pelo menos uma vez por ano;
- A decisão de coletar dados ESG é impulsionada por três fatores principais: i) cumprir as leis locais; ii) apoiar os valores e a ética da empresa ou do proprietário; e iii) mitigar o risco reputacional;
- Mais de dois terços das empresas levam em consideração ESG em sua decisão de usar um fornecedor;
- 65% das empresas com mais de US$ 100 milhões em receita dizem que estão implementando atualizações de tecnologia;
- 62% dos entrevistados classificaram "segurança da cadeia de suprimentos e proteção de dados" como sua principal prioridade tecnológica, ante 54% em 2022;
- Um terço das empresas diz sofrer com falta de pessoal e de orçamento;
- Mais da metade (57%) das empresas pesquisadas terceirizam alguns aspectos do comércio exterior ou da gestão da cadeia de suprimentos.
Metodologia
O Relatório de Corporate Global Trade de 2023 é derivado de pesquisas com profissionais de comércio exterior da América do Norte (EUA, Canadá e México), União Europeia e Reino Unido e América Latina, a maioria dos quais eram executivos, diretores e gerentes de nível superior envolvidos em vários aspectos do comércio exterior, incluindo operações, logística, compras, gestão de supply chain e compliance.
Os entrevistados responderam a uma pesquisa on-line de 15 minutos, e respostas abertas foram encorajadas para muitas das perguntas. Participaram da pesquisa 177 profissionais; 44 entrevistados representavam empresas com menos de US$ 100 milhões em receita de vendas e 133 vieram de empresas com mais de US$ 100 milhões em receita anual de vendas.
As empresas participantes eram obrigadas a fazer pelo menos US$ 10 milhões em vendas, 10% dos quais tinham que vir de atividades de importação/exportação. O maior número de entrevistados veio do setor manufatureiro, mas a pesquisa também incluiu empresas envolvidas no comércio varejista, de tecnologia e eletrônicos, transporte e armazenagem, serviços científicos e técnicos, finanças, seguros, comércio atacadista, construção, serviços públicos e automotivo. A maioria (60%) das empresas representadas é de capital fechado e 40% são de capital aberto.
Destaques Regionais de Brasil
Brasil e a DUIMP
No Brasil, os novos processos de importação introduzidos pela DUIMP, ou Declaração Única de Importação (SDI), ainda impactam cerca de 40% das empresas latino-americanas. As medidas introduzidas pela DUIMP visam criar um processo de importação/exportação mais simples, rápido e transparente, mas novos módulos como o Catálogo de Produtos, um banco de dados universal de todos os itens enviados dentro e fora do Brasil, exigem que as empresas forneçam descrições detalhadas e outros dados de todas as mercadorias que enviam – o que significa mais papelada. Porém, apenas os produtos incluídos no catálogo podem ser enviados, portanto, manter o catálogo atualizado é uma alta prioridade. Afinal, o Brasil é conhecido pelo rigor com que aplica as regras aduaneiras, muitas vezes atrasando ou apreendendo remessas acompanhadas de documentação imprecisa, por isso é compreensível a preocupação com o cumprimento da DUIMP/SDI.
Confira o relatório na íntegra, em inglês, neste link