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Origem das mercadorias: Quem compra de quem?

Blog de Pablo Gopp, International trade, ONESOURCE
3 de novembro de 2017

A globalização levou as economias de muitas nações a depender fortemente dela. Embora existam diferentes pontos de vista, vimos os efeitos dessa dependência nas matérias-primas, refletidos durante a crise do euro de 2010 a 2014, e a desaceleração da economia chinesa durante o período de 2011-2016.

Compreensivelmente, os países que estão abertos ao comércio internacional não somente enxergam determinados efeitos econômicos, como também veem as mudanças políticas e até mesmo socioculturais. A Europa é um exemplo claro de uma região que firmou tratados de livre comércio e abriu suas fronteiras, criando assim um nível inédito de integração entre diferentes etnias e culturas, promovendo a diversidade patrimonial, cultural, de costumes e idiomas.

Neste artigo, vamos analisar a pesquisa que explora as relações entre os países e os efeitos da globalização. Além disso, analisaremos estudos como o The Observatory of Economic Complexity (O Observatório da Complexidade Econômica), criado e mantido pelo MIT Media Lab da Universidade de Massachusetts, que reflete quem compra de quem neste grande mercado global.

Vamos começar analisando os três maiores fornecedores mundialmente: Estados Unidos, Alemanha e China. Essas três nações são os principais fornecedores de mais de 80% dos países do mundo. Outros países com alguma influência nas suas respectivas regiões são: Rússia, África do Sul e Brasil.

Américas – Estados Unidos

O continente das Américas é dominado pelas exportações dos Estados Unidos, tendo a China como o principal fornecedor de matérias-primas e componentes para o país, seguida pelo México. Após os Estados Unidos, o Brasil mostra alguma influência comercial como o principal fornecedor nos seus países vizinhos, como Argentina, Uruguai e Paraguai, influenciado significativamente pelos benefícios comerciais que o Acordo de Livre Comércio do Mercosul gera para os seus países-membros.

Inesperadamente, e apesar das relações diplomáticas complexas atuais, a Venezuela é o principal fornecedor e cliente dos Estados Unidos, com negócios de mais de US$ 11 bilhões, gerando mais de US$ 8 bilhões em exportações no acumulado de 2017.

Europa – Alemanha

Assim como os Estados Unidos, a Alemanha é um player dominante na Europa, especialmente entre outros países da União Europeia.

Alguns países europeus onde a Alemanha não é o principal fornecedor são os países do antigo bloco soviético, que apesar da instabilidade política atual, ainda mantêm relações comerciais estreitas com a Rússia, em função da sua alta dependência energética dos combustíveis minerais e do petróleo russos.

Vale ressaltar que o Reino Unido é o quarto maior exportador do mundo, atrás dos Estados Unidos, Alemanha e China. Os Estados Unidos receberam a maioria dos produtos exportados britânicos no ano passado, seguidos por Alemanha e França. O principal parceiro comercial para importações foi a Alemanha, seguida pelos Estados Unidos e China.

Ásia e Oceania – China

No caso da Ásia, a predominância da China é evidente, fruto em grande parte da sua relação comercial com o Japão. Embora as relações diplomáticas historicamente tenham sido tensas, com os dois países desconfiando um do outro, eles certamente fazem muito negócios em conjunto. Em outubro de 2016, havia 32.313 empresas japonesas atuando na China, com o país sendo o segundo destino das exportações do Japão e a maior fonte de importações.

No caso da Coreia do Norte, com o seu clima político instável atual, ela não segue a lógica atual do comércio exterior, já que mais de 85% do seu comércio internacional ocorre exclusivamente com apenas um país. A China é o único parceiro comercial da Coreia do Norte e a principal fonte de alimentos e energia, além de ser seu principal aliado, embora recentemente a China esteja sendo pressionada pelos Estados Unidos para esfriar essas relações em função da crise nuclear da Coreia do Norte.

África

Ao contrário dos demais continentes, na África não existe um player hegemônico que domine a maioria dos países da região.

A África do Sul é o principal fornecedor para os países vizinhos, embora a China seja o principal fornecedor dos continentes. A França, Portugal e a Espanha ainda mantêm alguma influência comercial com as suas antigas colônias, como Argélia, Angola e Marrocos.

Em resumo, as relações comerciais dependem de condições diferentes, como acordos e, certamente, necessidades.

Na última década, vimos que os países não conseguiram melhorar o padrão de vida dos seus habitantes sem abrir suas portas para o resto do mundo. Os países que desejam ter um crescimento sustentável reconhecem a necessidade de abrir suas fronteiras para o comércio e os investimentos com o resto do mundo. De fato, a abertura para o comércio internacional e para o investimento estrangeiro direto tem sido um dos fatores de sucesso para garantir que os países possam atender às demandas dos seus cidadãos por meio de importações e empregos, agregando valor na exportação de produtos e serviços.

Diferentes estudos mostram que os países com políticas de livre comércio tendem a crescer mais rapidamente do que aqueles mais protecionistas. Alguns autores acreditam até mesmo que os benefícios da liberalização do comércio podem superar os custos em até 10 vezes (Steven Matusz e David Tarr, “Adjusting to Trade Policy Reform”, Banco Mundial).