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6 tendências de comércio exterior para 2023

Descubra quais serão as principais tendências em comércio exterior para este ano. Leia o artigo!

Segundo o Governo Federal, até a 2ª semana de janeiro de 2023, comparado ao ano anterior, as exportações cresceram 16,8% e somaram US$ 11 bilhões. As importações caíram 1,6% e totalizaram US$ 9,29 bilhões. A expansão foi puxada, principalmente, pelo crescimento nas vendas de trigo e centeio, arroz e milho.

A tendência é de que, em 2023, as commodities continuarão a ser o carro-chefe das exportações brasileiras, apesar de alguns cenários desfavoráveis.

Como será o ano no que diz respeito ao comércio exterior? O tema foi abordado em um webinar produzido pela Thomson Reuters e apresentado por Luis Sena, profissional com mais de 20 anos de experiência em comércio exterior.

Balanço do Comércio Exterior em 2022

Antes de analisar as tendências no comércio internacional para este ano, é de suma importância realizar um balanço estratégico do ano de 2022. Essa avaliação permitirá identificar insights relevantes que contribuirão para tomadas de decisão futuras, visando impulsionar os negócios.

1- Escassez de contêineres

O efeito dominó da escassez de contêineres, que foi iniciado em 2021, continuou em 2022, levando ao aumento dos fretes de importação mundialmente.

Segundo uma pesquisa realizada pela Kestraa, startup especializada na gestão e monitoramento de cargas do comércio exterior, o frete da Ásia, um dos principais importadores do Brasil, era de US$ 1,9 mil em janeiro de 2020, tendo disparado para US$ 10 mil em fevereiro de 2022, um crescimento de 427%.

E a escassez deve continuar a médio prazo, segundo a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), que analisou o gargalo logístico e suas consequências para o mercado marítimo e publicou suas impressões em um relatório.

"A falta de contêineres e a capacidade logística dos portos, acompanhadas do aumento da demanda de movimentação de cargas conteinerizadas, impulsionadas pelo crescimento do mercado de e-commerce e pela concentração do mercado de transporte marítimo, ocasionaram um grande problema logístico internacional. Os prognósticos mais prováveis avaliam que essa situação perdurará em um horizonte de médio prazo", informa o relatório.

2- Conflitos armados

Além das consequências da pandemia, é preciso também atentar para as consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Apesar de suas pequenas participações no comércio e produção mundiais, a Rússia e a Ucrânia são grandes fornecedores de commodities, cujo fornecimento continua ameaçado pela guerra.

A possibilidade de os preços seguirem pressionados pela guerra obrigará bancos centrais ao redor do mundo a manterem os juros altos por um período maior, o que trará mais dificuldades para as empresas.

3- Burocracia brasileira

O país precisa agilizar a desburocratização dos processos de comércio internacional. O nível de burocracia envolve questões fundamentais para o comércio exterior, como registro de propriedade, obtenção de crédito e pagamento de impostos.

Falhas e erros cometidos durante a operação podem trazer consequências graves por parte dos órgãos que fiscalizam a entrada e saída de mercadorias, como a Receita Federal: multas, atrasos ou até mesmo confisco de cargas e entregas.

O que esperar em 2023 para o Comércio Exterior?

As expectativas para o comércio exterior em 2023 são promissoras, e é possível identificar tendências a partir das análises do ano anterior. Prepare-se para acompanhar as oportunidades e aproveitá-las no cenário internacional neste novo ano.

1- Novos acordos comerciais

Estudos mostram que a tarifa média de importação aplicada aos produtos brasileiros no exterior é de 4,6%, enquanto a média dos principais países é de 2,3%. Isso resulta em custos diretos mais altos e menor competitividade.

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que os países com os quais o Brasil possui acordos representam apenas 7% do comércio mundial. Esse número é consideravelmente baixo, destacando a necessidade de formalizar acordos comerciais com outros países ou blocos.

Em 2023, espera-se o retorno das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. Embora o presidente seja uma figura internacionalmente conhecida, o trabalho será desafiador e exigirá esforços significativos em comparação com seu primeiro mandato.

O novo governo terá a tarefa de reconstruir pontes, reativar a política do Sul-Sul e fortalecer os laços com os principais mercados da Oceania, além de dar novo impulso aos BRICS. Há um interesse internacional evidente nessa retomada, como foi confirmado pela presença de mais de 70 delegações estrangeiras na posse do novo presidente.

2- Aceleração das reformas estruturais

Já faz muito tempo que se fala sobre a importância de ter reformas profundas que visem à redução do chamado Custo Brasil.

Esse ponto é primordial e dele dependem a criação de novos acordos e até mesmo da neutralidade do país. Nada adiantará o fortalecimento do Mercosul, por exemplo, se a carga tributária só aumentar.

A competitividade dos produtos brasileiros tende a diminuir se as mercadorias continuarem a ser ofertadas internacionalmente com um custo maior. E o resultado será uma menor competitividade.

A Reforma Tributária, há tanto tempo pedida por todos os setores da economia, em 2023 começa a dar sinais de que vai sair do papel. O vice-presidente Geraldo Alckmin chamou a atenção para a sua urgência, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ainda no primeiro semestre espera aprová-la.

3- Redução do comércio estrutural

A OMC (Organização Mundial do Comércio) revisou para 1% a previsão para o crescimento do volume de comércio mundial de mercadorias para 2023. Há, inclusive, uma tendência de diminuição conforme a instituição fizer novas atualizações.

O PIB (Produto Interno Bruto) mundial também deve ser menor do que o registrado em 2022. Órgãos internacionais divergem sobre o percentual, mas o prognóstico não é dos melhores:

  • FMI (Fundo Monetário Internacional): 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023;
  • OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico): 3,1% em 2022 e 2,2% em 2023;
  • OMC: 2,8% em 2022 e 2,3% em 2023.

4- Neutralidade na política externa

Os conflitos entre Rússia e Ucrânia e Estados Unidos e China devem se aquecer. O Brasil precisa se manter neutro, praticando uma política externa que reconheça a centralidade desses países.

"Os temas brasileiros precisam ser colocados em pauta, mas sem haver desmerecimento ou ser tendencioso para uma ou outra nação. O mais importante são os negócios, não questões emotivas", explicou o especialista.

5- Mudança do cenário internacional de parcerias

Desde o "início dos tempos", o papel de um armador é o de manter e explorar comercialmente um navio mercantil. Porém, nos últimos anos, temos visto, e em 2023, deverá haver uma maior consolidação de uma prática que vem se estruturando nos últimos anos: as ofertas de serviço Door to Door.

Em vez de apenas serem responsáveis pelo transporte marítimo, essas organizações vão retirar a mercadoria no endereço de origem e entregá-la diretamente para quem a importa. Essa mudança, necessariamente, forçará outros parceiros dentro da cadeia de prestação de serviços a se adequarem.

6- Novo processo de importação

A retomada do Portal Único de Comércio Exterior, com a entrada do Novo Processo de Importação (NPI), minimizando a burocracia alfandegária e aduaneira, vai aumentar a velocidade da liberação de novos processos, como:

  • Operador Estrangeiro;
  • LPCO (Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos);
  • DUIMP (Declaração Única de Importação);
  • CCT (Controle de Carga e Transporte);
  • PCCE (Pagamento Centralizado de Comércio Exterior);
  • Vinculação das informações com a nota fiscal, sistemas de gestão de operações de importação, com a SEFAZ e outros sistemas de intervenientes.

Desburocratização do Comércio Exterior

A expectativa é de que em 2024 essa ferramenta estará operacional, sem dúvida desburocratizando as operações de comércio exterior. Há uma grande sensibilidade por parte do governo de que esse processo não pode parar, principalmente pelo retorno monetário que ele irá trazer.

Assim, faz-se urgente que as empresas em 2023 comecem a fazer uso dessa nova prática de operar suas importações, para quando a exigência legal obrigar o uso do novo processo, todos estejam prontos e não coloquem em risco suas operações de importações.

Um estudo mostra que o acréscimo estimado ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de US$ 75,76 bilhões em 2020, considerando o impacto das entregas já realizadas pelo Portal. E há a projeção de um alcance de US$ 124,9 bilhões em acréscimo ao PIB até 2040, com a entrada na totalidade do Portal Único de Comércio Exterior.

Os prognósticos apontam que o ano de 2023 será muito mais desafiador se comparado a 2022. Guerras e conflitos econômicos de potências, PIB e comércio mundial em queda livre. O novo governo brasileiro, mesmo com credibilidade e bons olhos internacionais, ainda terá desafios gigantescos.

Preparando sua empresa para os desafios do comércio

E a sua empresa? Enfrentará todos os tipos de entraves, além do Novo Processo de Importação, que para muitos ainda não ficou claro.

Todas essas novidades vão exigir adequações de processos dentro das empresas. E a sua empresa precisa estar preparada!